A. O que o estudante trás consigo do colégio? Face à esta pergunta, foi elaborado um jogo de montar células eucariontes constituído de uma placa de ferro e de vários tipos de organelas imantadas (em estados morfofuncionais diferentes) para que o estudante, livremente, use seus conhecimentos prévios e monte uma célula (Gomes & Abdalla, 2007 - todos os direitos reservados). A partir desta "célula conceitual" exploramos as potencialidades e fragilidades dos conhecimentos dos alunos através de um estudo dirigido e um questionário que privilegia a interdisciplinaridade e quase a totalidade do conteúdo da disciplina de Biologia Celular. Neste estágio, o estudante é convidado a uma reflexão sobre seus conhecimentos prévios, uma (re)-elaboração dos seus conhecimentos equivocados e a uma construção de novos conhecimentos. A Atividade Investigativa 1 consiste numa conversa informal com os alunos no primeiro dia de aula sobre as organelas e componentes celulares e suas funções, culminando numa representação gráfica em cartolina de uma célula eucarionte animal, uma célula eucarionte vegetal e uma célula procarionte. Nesta atividade, mapeamos as potencialidades e fragilidades individuais.
B. O que o estudante (re)elaborou durante a disciplina? No processo da terceira etapa investigativa, os estudantes se utilizam de massa colorida de modelar e gel para montar uma célula no seu aspecto tridimensional (Prof. Dr. Hylio Laganá Fernandes, 2006). Nota-se que até a Atividade 2 nossos esforços foram para extrair e elaborar o conhecimento prévio do aluno, sem nos preocupar com a tridimensionalidade. Esse aspecto é muito importante, uma vez que os estudantes, até de pós-graduação, trazem consigo a imagem esquemática (e) idealizada da célula em corte. Esse desvio de formação acarreta dificuldades futuras no aprendizado do estudante em matérias afins durante o curso de graduação e, posteriormente, na multiplicação desse conhecimento como Educador e/ou como Pesquisador da área.
C. O que o estudante deve levar consigo após cursar a disciplina? O fruto desta atividade é de extrema riqueza de significados. Podemos explorar os aspectos de dimensão das organelas celulares, a sua representatividade tridimensional (ou real), a sua dinâmica funcional e a sua disposição espacial ou regional, entre muitos outros tópicos. Nota-se sempre a ausência de um citoesqueleto, conceito muito pouco elaborado pelos estudantes e, ainda, uma representação "conceitual" de célula. Alguns grupos mesclam a representação das organelas nos seus aspectos tridimensionais e em corte. Neste último, as mitocôndrias são alvos da representação esquemática ideal (alongadas com cristas perfeitas) e como observadas em cortes seriados. Como estas organelas “aparecem” em diversas disciplinas da biologia devido a sua grande importância evolutiva e nos processos bioquímicos e fisiológicos, temos a impressão que esta é o alvo de maior conhecimento do estudante, a mitocôndria parece estar “fixada” em sua construção de conhecimento. Portanto, estudos posteriores irão focalizar mais profundamente a concepção holística dos alunos desta organela.
Estas atividades, além de auxiliarem o estudante no entendimento da Biologia da Célula, auxiliam os Educadores a detectar, numa perspectiva de metodologia pedagógica e científica, as potencialidades e fragilidades dos estudantes, levando o Educador a condução investigativa e precisa da disciplina, focando-se na (des)construção e/ou na (re)elaboração de conceitos equivocados dos estudantes, facilitando suas potencialidades e auxiliando na introdução de novos conceitos científicos; mais aprofundados. A dinâmica é o uso da criatividade, da liberdade, das potencialidades e do lúdico, para que os estudantes "aprendam a aprender" (segundo diretrizes da UNESCO e das dos Cursos de Biologia - MEC).
Tanto para os bacharelandos como para os licenciandos, estas atividades além de auxiliarem no aprendizado, formarão, a partir da lembrança e reflexão futuras, um profissional mais "liberto", humanizado e criativo.